Publicado
inicialmente em 1872, José de Alencar documenta neste romance de sua fase
regionalista (junto a O Gaúcho, O Sertanejo e Tronco do Ipê) o cotidiano numa
fazenda do interior paulista do século XIX. Berta, também conhecida pelo
apelido Til, é a típica heroína romântica de alma bondosa que se sacrifica em
prol de todos.
- Leia análise de Til
Resumo
Besita, moça pobre, porém
das mais belas da região, é objeto de desejo tanto de Luis Galvão, jovem fazendeiro,
quanto de Jão, um órfão que foi criado junto com Luis Galvão. A moça
corresponde ao amor do rico fazendeiro, mas este não tem interesse em desposar
Besita, pois ela é pobre.
Influenciada por seu pai,
Besita acaba casando-se com Ribeiro. Esse, logo após a noite de núpcias, parte
em viagem para resolver problemas relacionados a uma herança de família e fica
anos afastado. Durante o período em que Ribeiro não se encontra pela região,
Luis procura Besita, que o recebe achando tratar-se de seu marido. Desse
encontro nasce Berta.
Uma tarde, Ribeiro retorna
e, ao encontrar sua esposa com uma filha, descontrola-se e assassina Besita.
Jão não consegue evitar a morte dela, mas consegue salvar Berta, que passa a
viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel. Zana, uma negra que vivia com Besita,
enlouquece após presenciar o assassinato desta. Jão torna-se capanga dos ricos
da região, cometendo várias mortes e tornando-se o temido o Jão Fera.
Quinze anos depois de
assassinar sua esposa, Ribeiro retorna irreconhecível e com o nome de Barroso.
Com o propósito de vingar-se de Luis Galvão, ele contrata Jão Fera, que não o
reconhece. Porém, Berta descobre os intentos de Ribeiro e consegue salvar Luis.
Em uma segunda tentativa,
dessa vez com a ajuda de alguns escravos da Fazenda das Palmas, Ribeiro
incendeia o canavial. Ao tentar apagar o fogo sozinho, Luis leva uma pancada na
cabeça. Quando está para ser lançado ao canavial em chamas, Luis é salvo por
Jão, que mata os responsáveis pelo incêndio, com exceção de Ribeiro.
Após isso, Jão Fera é preso
em Campinas. Sabendo da ausência desse, Ribeiro planeja uma outra vingança,
dessa vez contra Berta. Aproxima-se dela, que está com Zana, mas nesse momento
chega Jão (que tinha se libertado) e mata Ribeiro de forma violenta. Brás, sobrinho
de Luis com problemas mentais, leva Berta para ver a cena. Ela foge horrorizada
e
João, sabendo que a moça o desprezava a partir de então, entrega-se a
polícia.
Convém neste ponto relatar a
relação entre Brás e Berta. O jovem Brás possui problemas mentais e é
completamente excluído em sua família. Apesar de Brás ser apaixonado por Berta,
ela não pode corresponder aos sentimentos do rapaz, resolvendo então ensinar o
abecedário e rezas a ele. Porém, o menino tem grandes dificuldades em aprender,
tendo apenas decorado o acento "til", que o encantava. Para facilitar
o aprendizado, Berta se autonomeia Til e passa a ensinar Brás relacionando cada
coisa com nomes de pessoas que ele conhecia.
Em certo momento, Luis
decide contar toda a verdade para sua esposa, D. Ermelinda. Em um primeiro
momento ela se entristece, mas depois passa a apoiar o marido e decide que ele
deve reconhecer Berta como filha. Dessa forma, os dois a procuram e contam
tudo, omitindo as partes desagradáveis.
Jão foge mais uma vez da
prisão e vai procurar Berta. Desconfiada que Luis Galvão e sua esposa escondem
algo, ela implora a Jão que conte toda a verdade sobre a história de sua mãe
Besita, o que Jão faz. Berta se emociona com a história e abraça Jão, dizendo
que ele sempre cuidou dela, sendo, então, seu pai.
Luis quer que Berta vá morar
com ele, mas ela nega e pede que ele leve Miguel. Todos partem e Berta fica na
fazenda com Jão Fera e Brás.
Lista de Personagens
As personagens de Til são
arquétipos da sociedade brasileira do século XIX: os escravos, os aristocratas,
o povo pobre. A sociedade da época estava estruturada basicamente em duas
camadas sociais: de um lado os aristocratas, grandes latifundiários e
escravocratas, e de outro lado estavam os escravos e a gente humilde do campo.
Tanto na região rural, onde se passa o romance, quanto nas grandes cidades
quase não há classe média.
Berta, Inhá ou Til:
personagem central do livro, Berta, filha bastarda do fazendeiro Luis Galvão
com Besita, é a representação típica da heroína romântica. Após a morte de sua
mãe, passa a viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel. Muito bonita e graciosa,
atrai o carinho e o amor de todos, tendo contato inclusive com as pessoas mais
desprezadas da região. Berta é personagem central e exerce grande influência sobre
todas as outras personagens do livro.
Miguel: filho de nhá
Tudinha, mostra-se apaixonado por sua irmã de criação, Berta (ou Inhá, como ele
a chama). Por ser pobre, Miguel busca estudar para ascender socialmente e poder
se casar com Linda.
Luis Galvão: dono da Fazenda
das Palmas. Homem de muitas aventuras amorosas desde a juventude, é sempre
protegido por seu "capanga" João Fera.
Linda: é filha de Luis
Galvão e D. Ermelinda. Educada aos moldes da corte, mas amiga de Berta e
Miguel, jovens de camada social inferior.
Afonso: irmão de Linda.
Possui o mesmo espírito conquistador de seu pai e acaba se apaixonando por
Berta, sem saber que esta é sua irmã de sangue.
Jão Fera ou Bugre: capanga
dos ricos da região, é um homem temido. Sem conseguir salvar
Besita, por quem
era apaixonado, passa a proteger Berta após a morte de sua mãe.
Brás: sobrinho de Luis
Galvão que sofria de ataques epiléticos e era débil mental. Era apaixonado por
Berta (ele a chama de Til), que lhe ensinava o abecedário e rezas.
Zana: negra que trabalhava
para Besita e que enlouquecera após presenciar o assassinato de Besita.
Ribeiro ou Barroso: marido
de Besita. Logo após a noite de núpcias, parte para longe e fica anos afastado.
Ao voltar e encontrar a esposa com uma filha, planeja vingança e assassina
Besita. Promete vingar-se de Luis Galvão e Berta.
D. Ermelinda: elegante
esposa de Luis Galvão.
Sobre José de Alencar
José de Alencar nasceu em
Fortaleza, Ceará, em 1º de maio de 1829. Formado em Direito pela Faculdade de
Direito de São Paulo, teve intensa carreira política como deputado, ministro e
outros cargos. Em 1856 publicou seu primeiro romance, Cinco Minutos, seguido
por A Viuvinha (1857). Porém, foi apenas com O Guarani (1857), que José de
Alencar torna-se um escritor reconhecido pelo público e pela crítica. Vitimado
pela tuberculose, faleceu no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1877.
Sua obra, tida como uma das
maiores representações do Romantismo brasileiro, é dividida em quatro fases. A
primeira, a dos romances indianistas, tem suas maiores obras: Iracema (1865),
Ubirajara (1874) e O Guarani. A segunda fase, a dos romances históricos, temos
Minas de Prata (vol. 1: 1865; vol. 2: 1866) e Guerra dos Mascates (vol. 1:
1871; vol. 2: 1873). A terceira fase é a dos romances regionalistas e tem como
representantes as obras O Gaúcho (1870), O Tronco do Ipê (1871) e Til (1871).
Por fim, a última fase é a dos romances urbanos, onde temos Lucíola (1862),
Diva (1864) e A pata da Gazela (1870).
Nenhum comentário:
Postar um comentário